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Este blog foi criado em meados de 2008/2009. Nessa época eu tinha 17/18 anos. Um dia me revoltei e apaguei todos os posts antigos.
Voltei a postar em 2010.
Olhando para os posts antigos, percebi quanta coisa mudou nesses cinco anos...
Como os posts mudaram, as ideias mudaram e, principalmente, como eu mudei.
Eu me esforcei para manter esse blog vivo. Mas alguma coisa fazia com que eu me prendesse ao passado por aqui. E algumas partes do meu passado me faziam sofrer.
Parei de postar.
Quantas e quantas vezes abri uma página em branco por aqui e não tive inspiração para continuar a escrever...
A única coisa que via era um cursor piscando e algumas tímidas palavras que tentavam sair eram assassinadas pela tecla de apagar.
Reli posts antigos e me lembrei de fases pelas quais passei. Em alguns posts relatei minha infância: o bullying, as brincadeiras, as alegrias.
Mas o fato é que: quem escrevia aqui era uma adolescente. Uma adolescente que achava que sabia muita coisa sobre o mundo, que se achava mais madura que as outras da sua idade e que tentava mostrar ao mundo que sua opinião era importante, mais que isso, queria mostrar que ela era alguém importante, pois na realidade era isso que ela queria provar para si mesma. Era um desafio.
Quem foi a Joice adolescente? Foi uma garota que tentava se livrar da timidez que carregou durante tantos anos, se livrar da insegurança, das preocupações, das frustrações. Era uma Joice sonhadora. A adolescência modificou seu rosto, seu timbre de voz, seu corpo e alguns gostos.
A Joice adolescente queria mudar o mundo e as pessoas. Ela se sentia capaz de fazer isso.
O começo, a pré-adolescência, foi a parte mais difícil. Mudança de escola, garotos, maquiagem, dar adeus as amigas bonecas. Não poder mais ir nos brinquedos "mais seguros" e lúdicos dos parques de diversões. A timidez era sua pior inimiga, mas aos poucos ela se livrava um pouco dela (embora ela nunca tenha ido embora de fato). O corpo começou a se desenvolver e ela escondia isso com moletons grandes e de cor preta.
A adolescência chegou e uma parte decisiva mudaria tudo para sempre: ela enfrentou a sua bully. Depois disso uma luz se acendeu dentro dela. Ela começou a se tornar outra garota. Aos poucos ela foi saindo da invisibilidade e sendo vista. E mais que isso. Passou a ser mais respeitada.
Alguns garotos passaram a olhar para ela de forma diferente, mas ela não se sentia bem com isso (era tímida, lembram?). Se sentia mal com o assédio.
Não. Ela não passou de garota invisível para "garota popular". Mas começou a se permitir mais. Abrir-se mais para o mundo e começou a fazer novas amizades.
Surgiu uma adolescente mais brincalhona, extrovertida e que tinha facilidade para conhecer gente nova. Começou até a fazer paixões e quebrou alguns corações, porque tinha medo de se machucar.
Escolheu. Escolheu o primeiro beijo, o primeiro namorado e a primeira "vez". 'Tinha que ser por amor'. Foi boba, foi ingênua e muitas vezes se enganou com as pessoas.
Fez bons amigos que carrega no coração para o resto da vida. Mas fez inimigos também, que ela até preferido não ter feito, mas faz parte. Não dá para agradar todo mundo mesmo, né?
Fez dezoito anos. Achou que era adulta e que poderia "ganhar o mundo", ledo engano. Começou a fazer cursos, conheceu gente nova, fez amizades, se divertiu. Com dezenove, achava que estava na "hora de crescer". Saiu da casa dos pais, começou a fazer faculdade, ganhava seu próprio dinheiro e buscava um emprego que pagasse mais. Com vinte anos engravidou. Um balde de água fria nos seus sonhos e na vida de "recém adulta", achou que era o fim da juventude, na verdade era só o começo. Casou. Sofreu, chorou e se sentiu mal pelas coisas não terem saído como planejado. Seu bebê nasceu e uma nova perspectiva surgiu em sua vida. Comprou uma casa própria, um carro e móveis bonitinhos. As prioridades mudaram, mas não decepcionaram. Passou em concurso público, terminou a faculdade, fez vinte e cinco anos.
Hoje eu consigo entender cada acontecimento difícil que aconteceu em minha vida. Entendo que foi necessário e, que embora eu fosse mesmo madura, tinha muito ainda que amadurecer. Foi necessário que coisas muito ruins acontecerem (coisas que prefiro deixar em off), para que outras melhores surgissem.
Cada dia que passa me aproximo mais dos fatídicos trinta anos. E percebo que a vida que eu imaginei depois dos vinte é bem diferente da que levo hoje. Resumindo: continuo amando desenho animado, coisas fofas, bichinhos peludos e coisas de menininha; Mas trabalho, ajudo a sustentar uma família e uso algumas roupas que eu achava que eram de velha, mas ainda adoro blusinhas com estampas da Disney.
Fico orgulhosa por olhar para trás e ver que realizei boa parte dos meus sonhos. Ter um filho me devolveu a sensibilidade da infância, amo meu menino e tudo de bom que ele representa em minha vida. Aprendi a lidar melhor com as minhas emoções, aprendi a ignorar gente venenosa e que nada acrescenta. E aprendi que mudar alguns pré-conceitos é importante para seguir uma vida adulta mais tranquila. E, hoje posso afirmar que consigo ser feliz com menos drama e mais pés no chão. Embora, eu confesse, que de vez em quando ainda me permito tirar um pouquinho os pés do chão que é para acrescentar um pouco de leveza no meu dia-a-dia.